4 de março de 2014

MOÇÃO DE REPÚDIO À CPI DO VANDALISMO E SEUS IDEALIZADORES

O Fórum de Lutas vem, por meio desta, manifestar seu absoluto repúdio à “CPI do vandalismo” e aos parlamentares que a apoiaram. É notória a tentativa desesperada de diversos setores de criminalizar os movimentos de esquerda utilizando argumentos extremamente mentirosos. Enquanto a violência dos chamados “vândalos” se resume à quebra de vidraças de grandes empresas, a polícia fascista faz incursões diárias às favelas e comete um genocídio que permanece impune. Os governos federal, estadual e municipal se colocam como verdadeiros balcões de negócios do grande empresariado, o que fica mais uma vez demonstrado com esta tentativa de calar a voz das ruas. Somos privadxs de uma saúde e educação de qualidade porque metade do orçamento público da união é entregue nas mãos de banqueiros e este fato é simplesmente ignorado pelos mesmos parlamentos que correm para atacar manifestantes e aprovar leis antiterrorismo. Estes governantes sim deveriam ser investigados e condenados por conta de todos os que morrem diariamente nas filas de hospitais e pelos que são sumariamente executados pelo Estado junto com todos os grandes empresários que submetem os trabalhadores às mais precárias condições, resultando em mortes tais como a do cinegrafista Santiago e a das dezenas de operários mortos na construção de estádios para a copa. Em preparação para os megaeventos, vemos um país e uma cidade cada vez mais caóticos e mais direcionado para os ricos, com transporte público extremamente caro e precário, além das condições de vida desumanas às quais muitos são submetidos nas favelas, o que também é negligenciado por estes que estão tão preocupados em investigar manifestantes que denunciam tudo isso. O objetivo nunca foi a justiça: apenas a manutenção das injustiças. Estes políticos terroristas e suas ferramentas de caça às bruxas não representam a vontade da população. Não nos intimidaremos e continuamos a denunciar, tanto nas ruas quanto em outros espaços, todas as contradições trazidas por esse sistema. NÃO ADIANTA NOS REPRIMIR, ESSE GOVERNO VAI CAIR!!!

28 de fevereiro de 2014

GREVE DOS GARIS DA COMLURB

Durante as mobilizações dos garis da Comlurb para movimentação de greve, na sexta e no sábado de carnaval, estudantes e trabalhadores de alguns grupos e partidos de esquerda que compões o Fórum de Lutas estiveram lado a lado com os garis, levantando com eles todas as suas reivindicações. Mesmo com mais de 500 garis na sexta, e 1500 neste sábado, mobilizados para assembleia chamada pela base, o sindicato pelego (da UGT) manobrou diversas vezes contra a greve da categoria, chegando até mesmo a chamar a PM, fechando o sindicato no sábado e "suspendanedo" a greve no papel, deixando claro que o sindicato esta do lado do presidente da Comlurb e o Prefeito Eduardo Paes. Mesmo assim os garis continuam a movimentação de greve e marcharam da sede do sindicato até a Prefeitura, e depois até o o centro do Rio passando pela entrada do sambódromo e pela Central do Brasil, chamando outros companheiros da categoria que estavam trabalhando no carnaval a pararem e compor a greve. Em muitos momentos houve tencionamento da PM e do Choque contra os garis chegando a jogar bombas de gás e de efeito moral, mas mesmo assim os garis em greve continuaram a marcha até a Avenida Passos, onde realizaram uma assembléia para definir melhor as demandas da greve e fortalecer a mobilização que esta tendo cada vez mais adesão. Amanhã eles realizarão mais uma assembléia as 12h em frente a Prefeitura.

Alguns grupos que compõem o Fórum de Lutas estiveram panfletando a seguinte mensagem em solidariedade aos garis em luta, aprovada em nossa última assembleia:

"O GARI É MEU AMIGO MEXEU COM ELE MEXEU COMIGO!

Nós do Fórum de Lutas do Rio de Janeiro viemos em apoio aos trabalhadores da COMLURB, expressar nossa solidariedade ativa à sua luta por melhores salários e condições de trabalho.

Nós somos um espaço unificado de debate e organização das lutas, composto por diferentes grupos e coletivos. Estivemos juntos aos trabalhadores e à juventude nas lutas de junho e seguimos nas ruas contra o aumento dos transportes e contra os gastos com a Copa do Mundo. 

Se enfrentar com o governo e com o sindicato pelego atrelado aos patrões não é fácil, mas estamos do seu lado nessa luta! Enquanto Paes, Cabral e Dilma privilegiam os lucros dos empresários e patrões em eventos como o Carnaval e a Copa, os trabalhadores do país inteiro seguem em péssimas condições de trabalho. O trabalho dos garis é fundamental e deve ser respeitado! Uma greve no Carnaval serviria de exemplo para todos os trabalhadores, que precisam estar juntos para garantir suas conquistas! Por isso apoiamos e exigimos imediato atendimento da pauta dos trabalhadores da COMLURB! Greve é um direito de todo trabalhador!

"PARTICIPE DA PRÓXIMA REUNIÃO DO FÓRUM DE LUTAS DIA 11/03 ÀS 18h, NO IFCS - Lg. DE SÃO FRANCISCO (CENTRO)"

18 de fevereiro de 2014

MANIFESTO HIP HOP

Últimos suspiros de uma ditadura empresarial-militar, que já completava seus 20 anos; milhões de pessoas nas ruas gritando por eleições diretas para presidente; trabalhadores urbanos organizando a maior central sindical da nossa história; trabalhadores rurais fundando o maior movimento de luta pela reforma agrária; o nascimento de um partido de trabalhadores que canalizava todas essas lutas, entre outras.

Por ter nascido nessa atmosfera de intensa efervescência política, o Hip Hop brasileiro acabou absorvendo (e sendo absorvido por) todo esse clima de contestação. Por isso que ele era considerado por alguns como o Hip Hop mais politizado do mundo. Por ser uma cultura oriunda das ruas das periferias, ele não só era de domínio exclusivo de quem vivia nelas, como refletia as vidas desses atores. Com grande potencial mobilizador, a classe dominante tardou, mas não falhou em se lançar contra o Hip Hop para assumir suas rédeas e colocá-lo a serviço da manutenção de seu projeto.

Quase toda combatividade de tempos passados agora dá lugar a uma apologia à conciliação. A aproximação com antigos inimigos (polícia, play boy, grandes corporações midiáticas, etc.) antes combatida, agora é louvada. Como o Estado não é neutro, é um aparelho que organiza a dominação da classe trabalhadora, está cabendo a ele o golpe de misericórdia. E esse golpe se manifesta em dois Projetos de Leis (PLs) que já tramitam no congresso. Um é o 3/2011, do ex-deputado Maurício Rands (PT/PE), que tem a pretensão de dar ao Hip Hop o reconhecimento de “cultura de alcance nacional”.

O Segundo, que entrará amarrado ao primeiro, é o 6756/2013, de autoria do deputado Romário (PSB/RJ). Este com um potencial bem mais ofensivo que o primeiro, pretende “regulamentar as profissões” que integram a Cultura Hip Hop. Passando essa lei, a prática de toda manifestação artística que compõe o Hip Hop estaria subordinada à Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Isso gerará algumas aberrações inaceitáveis. Per exemplo, se algum garoto menor de 18 anos que domine a arte do graffiti já o pratique também de forma remunerada, vigorando a “Lei Romário”, esse garoto ou será impedido de exercer seu trabalho, ou o fará à margem da lei. Ou seja, a lei o tornará um marginal, pois ele estará proibido de continuar ganhando dinheiro do seu trabalho.

Outro absurdo é a exigência de um certificado de curso técnico para a prática de qualquer uma das artes ao Hip Hop relacionadas. É uma série enorme de exigências que burocratizará a realização de uma manifestação cultural que nasceu justamente como alternativa de produção e consumo de cultura daquela parcela da população a quem o Estado negava condições de desenvolver suas potencialidades. A regulamentação do Hip Hop abrirá precedente pra que, a médio prazo, surja algo como um Conselho Regional de Hip Hop, criando ainda mais obstáculos, decidindo quem pode ou não praticar o Hip Hop.

CONGRESSO DEIXE O HIP HOP EM PAZ. Precisamos que o Estado não interfira na nossa autonomia, ao invés de legislar sobre aquilo que tem na sua liberdade a sua razão de ser. Há décadas o Krav Maga é praticado no Brasil sem nenhum problema com a polícia; a música clássica, os contos de fada, a religião... enfim, nada do que vem da Europa precisa da chancela do Estado para acontecer aqui. Bem o contrário do que acontece com manifestações da diáspora africana (Capoeira, Candomblé, Umbanda... e agora, o Hip Hop). Quando o Hip Hop chegou ao Brasil, esse Estado democrático, como o conhecemos hoje, ainda nem existia. O que havia no seu lugar era um Estado ditatorial que já alcançava suas duas décadas. Não existia nem a Constituição que atualmente rege o país.

Por isso exigimos respeito. E para reconquistá-lo e mantê-lo, convocamos todos os praticantes e amantes da cultura Hip Hop a somar nessa luta, e aderir à campanha CONGRESSO DEIXE O HIP HOP EM PAZ. Não podemos pagar para ver. Não podemos nos acomodar, esperar que o projeto vire lei para, só depois de sentir seus efeitos nocivos, tentar correr atrás do prejuízo. Entre em contato pelo nosso grupo no Face Book: CONGRESSO DEIXE O HIP HOP EM PAZ.

10 de fevereiro de 2014

GRANDE ATO DIA 13/fev

Os setores combativos reafirmaram seu compromisso e suas bandeiras ao comparecer em peso neste último ato, que contou com a participação de milhares de pessoas. Foi unânime a rejeição à narrativa caluniosa dos meios de comunicação a serviço do grande empresariado, que, assim como em junho, vê os lucros exorbitantes que rouba da população sendo ameaçados. E não vai acabar por aí: na próxima terça-feira, dia 18, haverá uma nova plenária do Fórum de Lutas às 18h no IFICS que decidirá, dentre outras coisas, como se dará o ato previsto para o dia 20. A população está cansada de ter seu dinheiro desviado para magnatas através de concessões fraudulentas nos transportes e megaeventos construídos nas costas dos pobres para os ricos.

O poder real de transformar a realidade não é dos governos nem dos empresários, mas sim da imensa maioria de trabalhadores e estudantes, como ficou demonstrado em junho. Venha você também construir essa luta!!!

NOTA DE REPÚDIO À VIOLÊNCIA DA POLÍCIA MILITAR

O caso do cinegrafista da Rede Bandeirantes de Televisão, que também veio a falecer, tem sido explorado pela grande imprensa de forma irresponsável em mais uma tentativa de criminalizar as manifestações. Trata-se de um verdadeiro circo armado com o objetivo desesperado de angariar legitimidade para seguir reprimindo as manifestações e iniciar uma caça às bruxas contra partidos, militantes e organizações da esquerda. Reafirmamos que a Polícia Militar do Rio de Janeiro, por sua ação inaceitável, é a verdadeira responsável por esse e todos os acontecimentos trágicos do dia 06 de fevereiro. Os governos federam, municipal e estadual também são responsáveis, pois comandam a barbárie militar e não toleram que os trabalhadores e a juventude questionem suas políticas nas ruas. 

Por esse motivo, os governos têm interesses em acobertar as mentiras e os crimes praticados pela PM.
Defendemos a total democratização dos meios de comunicação, com transferência da propriedade dos grandes maios para os coletivos independentes pertencentes aos movimentos sociais de trabalhadores para que a população possa, de fato, ter acesso à verdade dos acontecimentos e não a versões fantasiosas movidas por interesses políticos e econômicos dos donos do oligopólio das comunicações existente no Brasil, verdadeiro resquício da ditadura.

O Fórum de Lutas lembra que, consideradas também as manifestações do ano passado, já são muitas as vítimas graves da violência policial contra manifestantes. Um jovem de São Paulo chegou e perder um olho e outro jovem, baleado com três tiros de arma letal disparados pela PM, segue em estado grave. Como já era esperado, nenhum dos policiais envolvidos nesses crimes foi punido. Ao contrário, porém, diversos manifestantes foram presos injustamente sendo o caso mais grave o do morador de rua Rafael Vieira. Vítima da violência policial e da conivência do Judiciário, segue preso sem ter praticado crime algum.

O Fórum de Lutas é solidário a todas as vítimas da violência policial, tanto nas manifestações como nas favelas e periferias e defende o fim do massacre que sofre a população pobre, negra e trabalhadora. Defendemos também o total direito à manifestação. Protestar não é crime. FORA A POLÍCIA DAS MANIFESTAÇÕES, FAVELAS, COMUNIDADES E PERIFERIAS!!

Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 2014. Fórum de Lutas do Rio de Janeiro.